"A redução da densidade do (mosquito) Aedes aegypti, elo principal da cadeia de transmissão, ainda permanece como um desafio. Mesmo com investimento de mais de meio bilhão de dólares (cerca de R$ 900 milhões) por parte do governo a cada ano para o controle do mosquito, não se tem alcançado redução da densidade vetorial capaz de limitar ou reduzir a expansão da dengue, de forma sustentada", atestam os pesquisadores.
O estudo considera a dengue "um importante problema de saúde pública no Brasil". Segundo o texto, a incidência da doença tem aumentado desde 1986, com uma sucessão de epidemias. Além disso, é também preocupante o fato de que uma crescente proporção dos pacientes vem apresentando a forma grave da doença, a febre hemorrágica - 0,06% dos pacientes, nos anos 1990, crescendo para 0,38%, entre 2002 e 2008.
A pesquisa também afirma que "três em cada quatro municípios brasileiros estão densamente infestados mosquito Aedes aegypti, o principal vetor da dengue". Ainda de acordo com o texto, entre 2000 e 2009, 3,5 milhões de casos de dengue foram registrados, 12.625 dos quais eram do tipo dengue hemorrágica, com registro de 845 óbitos.
"Urge que se desenvolvam novos tratamentos e vacinas para aquelas doenças que provaram ser de difícil controle", concluem os estudiosos, que apontam falhas pontuais no sistema. "Muitos são os gargalos para a pesquisa na área de saúde pública: os centros de pesquisa biomédicas e de saúde pública estão concentrados na região Sudeste do Brasil, que não apresenta as maiores cargas de doença; os procedimentos administrativos para importação de equipamentos de pesquisa são longos; as empresas privadas investem pouco em pesquisa; poucas pesquisas no Brasil geram patentes internacionais ou se traduzem em intervenções implementáveis", afirmam.
Seria necessário, portanto, mais pesquisas, "melhores tratamentos, diagnósticos rápidos e métodos inovadores de controle de vetores", diz o texto. Para os pesquisadores, também há problemas no controle da leishmaniose visceral. "Cerca de 70% de todos os casos de leishmaniose visceral na América do Sul acontecem no Brasil", lamenta o estudo.
Os pesquisadores atestam o sucesso do governo em controlar doenças como cólera, diarreia, doença de Chagas, tétano e poliomielite, com tratamentos disponíveis na rede pública hospitalar e postos de vacinação gratuita. O estudo tece elogios ao programa de controle de HIV/AIDS, "o maior distribuidor de medicamentos antirretrovirais gratuitos em todo o mundo". A revista também publicou estudos sobre saúde materna e infantil, doenças crônicas no Brasil e as decorrências da violência e dos acidentes de trânsito.
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